Dia Contra a Homofobia: data chama a atenção para o respeito

O recente ataque homofóbico sofrido por Gil do Vigor, ex-participante do reality Big Brother Brasil, reacendeu a discussão nas redes sociais sobre esse tipo de preconceito, durante o final de semana. No episódio, um áudio vazado revela Flávio Koury, conselheiro do Sport Club do Recife, tecendo ofensas a Gil, classificando a visita do ex-BBB ao estádio do time como uma “desmoralização” ao clube. A repercussão do fato coincide com o Dia Internacional Contra a Homofobia, data celebrada anualmente em 17 de maio.

De acordo com relatório divulgado pelo GGB (Grupo Gay Bahia) em 2019, o Brasil registra uma morte por homofobia a cada 23 horas, entre homicídios e suicídios causados pela pressão social. Tais números levam o país a ocupar os primeiros lugares no ranking de nações que mais matam LGBTs no mundo e, com a pandemia, o número de subnotificações pode ter aumentado.

Segundo Evandro Oliveira, 39, a homofobia é um pedra no caminho com a qual lidou na maior parte da vida. Casado com Bruno Uliana, 36, há cinco anos – além de outros dez de namoro – não foi fácil conviver com o medo em revelar sua orientação sexual. Foi o apoio da família, no final da adolescência, que permitiu sua aceitação. “Ser homossexual é como carregar um rótulo. A sociedade te define por isso, e não pela pessoa individual que você é”, desabafa.

Mesmo após tanto tempo juntos, Evandro não esconde que ele e o marido ainda enfrentam o preconceito. “Acontece quando saímos para jantar ou para um passeio comum no shopping, por exemplo. Percebo as cutucadas entre as pessoas, dedos sendo apontados e até algumas ‘risadinhas'”, conta. “Isso já me machucou muito, mas hoje consigo lidar melhor”.

Bruno Uliana, o marido, revela que o respeito no meio de convívio do casal foi algo a ser conquistado. “Buscamos sempre respeitar os outros e não parecer ofensivos, pois sabemos que, não tem jeito, sempre seremos olhados de forma diferente, e as pessoas aguardam apenas um deslize para nos condenar”, diz. “Infelizmente, o preconceito ainda existe sim e criamos escudos para nos poupar. Acabamos nos moldando para sermos assim e podermos levar a vida de forma feliz”.

Para Bruno Campos, ex-presidente do Conselho Municipal LGBTQIA da cidade de Piracicaba, interior de São Paulo, é necessário que a sociedade, em geral, se torne mais acolhedora em prol da população LGBT, para que o preconceito, paulatinamente, deixe de existir. “Quando as pessoas superarem o preconceito, praticarem a empatia e o respeito ao próximo, independente de qualquer fator, talvez o mundo seja um lugar melhor, as pessoas mais evoluídas e as relações sociais um pouco mais humanas”, afirma. “Nunca é tarde para abrirmos mão dos nossos preconceitos”.

por Mariana Requena

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